Um prato típico no Brasil, o feijão com arroz faz parte da mesa de todos os brasileiros, ou melhor, faz parte da vida de quem mora no Brasil, pois o termo ‘feijão com arroz’ tornou-se uma expressão que ultrapassa as fronteiras da culinária. Quem não se lembra, por exemplo, da inesquecível história de Eduardo e Mônica onde se diz que eles se completam “que nem feijão com arroz” ou, então, de ouvir alguém dizendo para “sairmos do feijão com arroz e fazermos algo mais elaborado”? Ou seja, fora das panelas, é comum entender essa expressão como duas coisas: simples e complementares.
Pensando já na minha próxima refeição e também em nosso ambiente de igreja, vejo cinco princípios que aprendemos com o ‘feijão-com-arroz’:
1) É simples
Não há dúvida que é um prato simples. Uma combinação prática, contudo, funcional. Por vezes investimos energia pensando, por exemplo, em como deixar o culto diferente ou mais atrativo e acabamos por nos perder em elementos periféricos, ficando de lado o essencial e simples, que podemos considerar sendo a antiga combinação: Bíblia e Oração. Pode até ser muito bonito escalar uma montanha para orar lá em cima. As fotos ficarão ótimas para postarmos nas redes sociais, porém se a simplicidade da reverência em falar com o Criador não nos acompanhar diariamente, a escalada será insuficiente.
2) É nutritivo
Fibras, cálcio e proteínas. A dupla é rica em nutrientes essenciais para o organismo. Trazendo para nosso universo de igreja nós aprendemos que nossos cultos precisam ser nutritivos. De que adianta convidar uma super banda para tocar em nossa igreja, se suas letras são superficiais e descartáveis? Um encontro de pessoas necessita ser nutritivo, não importa que se tenha apenas um violão naquele dia, mas o que se está cantando é o que conta. Outro equívoco que podemos cometer é convidar para nossos congressos e cultos o pregador mais engraçado da cidade. Não advogo contra o humor, contudo o púlpito precisa ser levado a sério.
3) É acessível
Está na mesa do rico e está na mesa do pobre. O feijão-com-arroz é acessível a vários pratos. Com isso aprendemos que em nossa realidade eclesiástica precisamos contribuir para que o culto seja acessível a todos. É comum usarmos do nosso ‘evangeliquês’ em nossas reuniões e nos esquecermos daqueles que nos visitam e que não dominam esse dialeto. “Jeová é o teu cavaleiro e cavalga para vencer”, um cântico hoje antigo, era por vezes motivo de muita estranheza para quem não lia a Bíblia.
4) Permite combinações
A mãe diz: “hoje teremos feijão com arroz” e você pergunta: “e de mistura, o que teremos?”. Assim como nosso típico prato permite combinações com ele, nós também podemos fazer as nossas, desde que o adicional não retire o sabor do principal. É possível que uma história de um bom autor possa complementar ou ilustrar a pregação, mas essa história não pode ser a parte principal. As pessoas não podem voltar para suas casas sabendo mais das histórias da vida do pregador que as histórias de Jesus.
5) Não enjoa
Desde pequenino me alimento do arrozinho com feijão e até hoje gosto muito, porque é algo que não enjoa. Existe um risco em querer mudar muito as coisas. Elas podem nos enjoar facilmente e fazer com que as pessoas desejem, cada vez mais, alternativas ainda mais extravagantes. O que virá depois do rapel dentro da igreja? As pessoas querem mais e mais. O essencial não nos enjoa, o que causa isso são os elementos periféricos sem reflexão que, às vezes, inserimos em nossos cultos.
Quando olhamos para trás é possível dizer que conseguimos manter a simplicidade, a nutritividade e a acessibilidade dos encontros que organizamos ou participamos? Sejam esses encontros cultos, escola dominical ou grupos pequenos. Conseguimos fazer alguma combinação sem perder o principal?
Quando algum filho ou filha se pergunta porque não consegue deixar o feijão com arroz como o de sua mãe, geralmente é porque falta o ingrediente principal, que é o amor. Quando nós nos perguntamos porque tudo que fazemos não têm dado resultado, talvez também esteja nos faltando o Amor, e esse Amor nos diz o seguinte:
“Sem mim vocês não podem fazer coisa alguma” (João 15.5)
Carlos Daniel